sábado, 21 de janeiro de 2012

MENOS EU, QUE NUNCA FUI AO CANADÁ

O exercício da análise crítica é sem sombra de dúvidas um dos instrumentos mais eficazes para o desenvolvimento de uma sociedade sadia. E por acreditar nisto, tenho usado este espaço também para explicitar opiniões particulares sobre alguns assuntos.
Porém, acho que o pré-requisito básico deste tipo de análise é a utilização de argumentos concretos que possam embasar a opinião externada.
Curioso o que aconteceu com o fenômeno “menos Luiza, que está no Canadá”. Primeiro as milhares de menções nas redes sociais, que transformaram quase que instantaneamente a frase num jargão nacional. Em seguida, uma reação contrária, com críticas pesadas e generalizadas.
Sinceramente, não entendi tanta fúria reativa. Procurei pelos argumentos críticos e o máximo que achei foi: “nós já fomos mais inteligentes”.
Mas desde quando um jargão serve para desenvolver ou medir o intelecto? Pelo contrário, quanto mais simples for, mais fácil de “pegar”. Neste caso, o simples é mais eficiente. Pode até ser meio bobo, mas não nos remete ao erotismo, ao terrorismo, à desonestidade, e nem atinge a plasticidade de alguma manifestação artística.
É apenas uma frase que, inesperada no contexto inicial em que foi utilizada, tornou-se meio caricata e, portanto, divertida para algumas pessoas que começaram a compartilhá-la.
E, como tudo que é repetido exaustivamente, perdeu a graça.
Não que eu ache que isto trouxe alguma coisa de positivo. Simplesmente entendo que o assunto não justifica tamanho gasto de energia.
Confesso que me senti incomodado, já que todo mundo estava criticando, menos eu, que nunca fui ao Canadá.
Será que sou o “Joãozinho da parada” neste assunto?
Mas para mim o ponto crucial desta história toda, e que deveria estar sendo mais explorado, refere-se ao poder que as redes sociais têm nos dias de hoje e até que ponto elas podem colaborar para o desenvolvimento social. Como explorar de forma positiva esta capacidade de transformação?
Estes sim, muito mais que a popularização de uma frase banal, são os aspectos que deveriam estar sendo discutidos.
Sem prejuízo dos compartilhamentos divertidos, as redes sociais podem e devem disseminar conhecimentos, agregando valores sociais, em todas as áreas. E isto depende de cada um de nós.
É sempre bom lembrar que nunca tivemos um meio tão democrático e participativo para a divulgação e discussão de idéias como este propiciado pelas redes sociais.

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