Aprendemos
desde cedo que a nossa integração com o ambiente que nos rodeia se dá através
dos cinco sentidos fundamentais: olfato, paladar, tato, visão e audição.
Os
quatro primeiros apresentam uma rejeição automática quando nos deparamos com
fezes. Mas, por que grupos sociais, com níveis elevados de conhecimento, estão
cada vez mais ouvindo “merda”, no que diz respeito a músicas?
É
evidente que este conceito é muito relativo. A música sempre foi um instrumento
de manifestação de grupos sociais e, por conseguinte, expressa o nível de
conhecimento do grupo específico. Serve para a necessária integração dos seus
componentes, fazendo-os sentirem-se inseridos num determinado meio.
Portanto,
quanto maior o nível de conhecimento do grupo, mais exigente ele se comporta.
Mas,
o que tem levado à crescente importância das coreografias, dos movimentos
sensuais e das letras com significados eróticos, em detrimento da poesia e da
harmonia musical?
Observando
um link compartilhado no facebook, constato que Michel Teló, com sua música “Ai,
se eu te pego...”, foi sensação no reveillon europeu, e está superando artistas
consagrados. Exemplo contundente do fato que estou abordando, já que,
convenhamos, é uma música que não prima pela função poética de sua letra.
Penso
que esta é mais uma confirmação de um fenômeno que está ocorrendo em boa parte
do planeta: a crescente utilização da música dentro de um formato de consumo
baseado nas necessidades de emoções prazerosas do ser humano. E, para tanto,
nada melhor do que impor músicas com viés sensual e dançante, capazes de agitar
a galera, menos pela qualidade melódica e mais pela incitação à expansão do erotismo
através da música.
Assim,
estamos testemunhando a penetração da vulgaridade em nossa cultura musical,
apoiada por uma indústria fonográfica de consumo, que transformou a música
erótico-dançante em um negócio altamente rentável, em detrimento da qualidade
melódica e poética.
Ai,
se eu te pego...!
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