quinta-feira, 12 de outubro de 2017

DOZE ANOS E DUZENTOS E QUATRO MESES


Até onde o bem querer pode alcançar?
Infinito, seria apenas elementar.
Sentimento não se mede, se sente.
E se expressa, na sinceridade inocente.

De um anjo, uma lição aprendida.
Simples, mas pra toda vida.
Que o tamanho do gostar,
É muito, muito...sem parar!

Inigualável!
Inseparável!
Insuperável!

Acabaram-se as rimas.
Mas pra que rimar?
É simplesmente, Amor!



terça-feira, 25 de julho de 2017

FILOSOFOFANDO

- Oi, amor!
- Finalmente em casa! Não estou aguentando mais este meu trabalho.
- Não está satisfeita com seu "eu"?
- Hein? Tradução simultânea, por favor.
- Estou falando da questão fundamental: “quem sou eu?”
- Shiii! Que papo é este?
- Descobri que a autoanálise e o autoconhecimento são fundamentais para uma vida feliz.
- É o quê…????!!!
- É isto que você ouviu: para valer a pena, a vida deve ser refletida.
- Aí, meu Deus! Misturou Rivotril com vodca? Tomou leite estragado? Conta logo o que aconteceu.
- A alienação do "eu" é que faz surgir o desespero.
- Benzinho, eu só falei que não estou satisfeita no trabalho.
- Sim, mas isto decorre da aversão ao teu "eu", por não conseguir um emprego melhor.
- Ah, não! Fala sério!
- Mas é sério. Você gostaria de um emprego diferente, mas não conseguiu. Isto leva a uma decepção com seu "eu", por considerá-lo fracassado. Vem então o desespero.
- Olha aqui! Fracassada é a comadre da madrinha! Era só o que me faltava! Um aprendiz de filósofo em casa…
- Não adianta se exaltar. Sei que não é fácil livrar-se de si mesmo.
- Ah, é? E então, ôh filósofo de botequim, qual é a solução para o caso?
- É preciso que você encontre sua essência e seu propósito de vida. Simples assim!
- Hahaha… simples assim!!! Mais simples é meter a mão no pé do teu ouvido, toda vez que você surtar.
- Sem violência, por favor.
- Você tem certeza que está bem? Tem algum caso de demência na família?
- Assim você está me ofendendo.
- Foi você que começou. Se gosta tanto, porque não começa tomando consciência de que não sabe nada de filosofia.
- Você tá mudando de assunto.
- Não senhor! A consciência nada mais é do que a percepção dos nossos pensamentos, sensações e sentimentos.
- E o que isto tem a ver com o que te falei?
- Sei lá! Mas vi essa frase em algum lugar e gostei.
- Isto não é brincadeira!
- Mas quem está brincando? A consciência é que nos permite refletir sobre o passado, o presente e o futuro.
- E de que adianta tanta reflexão?
- Oras, pois! É o que nos faz sobreviver.
- Mãe…! Pai…! Parem com esta conversa chata e me ajudem com o trabalho da escola.
- Claro, meu príncipe!
- Vamo lá garotão! Seu pai sabe tudo sobre tudo. Qual é o título do trabalho?
- "A importância do inconsciente na determinação do comportamento".
- Ôh loco! Isto é com sua mãe.
- Nada disso! Seu pai é que sabe tudo do verdadeiro "eu".
- Vai começar de novo, amebinha?
- Antes ameba que um projeto de quadrúpede bovino!
- Epa! Bovino tem chifre. O que tá insinuando?
- Ôh jumento! Foi só uma maneira de xingar. Mas se continuar me agredindo assim, vai descobrir que burro também pode ter chifres.
- Pai… Mãe… Parem! Foi só uma brincadeira. Eu li este trabalho no caderno da faculdade de minha irmã. O meu é “o sistema político no Brasil”.
- Arghhhhh,…fudeu! socorro!!!!
- Fudeu de verde e amarelo!…. Chame seu avô, que ele te ensina.

sexta-feira, 7 de julho de 2017

DELÍRIOS DE UM LEGISLADOR


CONSIDERANDO QUE:

- Por mais que nos comportemos dentro dos princípios morais, legais e religiosos, a vida algumas vezes nos remete a momentos em que ficamos sem chão e sem rumo.

- Todas as nossas ações impactam em outras pessoas.

- Não dá para ser totalmente feliz, vendo uma pessoa amada sofrendo.

- A decepção com algumas pessoas parece ser inevitável.

- Porém, nosso instinto de sobrevivência faz com que sejamos mais fortes do que nós mesmos pensamos.

DECRETO:

1- Nos momentos em que nada der certo e que estejamos prestes a desistir, seja obrigatoriamente exercitada a fé e a esperança.

2- Fica terminantemente proibido agir só pensando em si próprio.
2.1-  A consciência  acerca do alcance de nossas atitudes e comportamentos será a referência para nossas ações.

3- O amor será plenamente exercitado, em especial junto à família e aos amigos.

4- A solidariedade e o apoio às pessoas necessitadas farão parte da rotina diária de cada indivíduo.
4.1- A simples presença e atenção junto às pessoas queridas, também integram o previsto no caput desta cláusula.

5- Todas as pessoas deverão deixar de lado o individualismo e o egoísmo, passando a serem partes de um todo, na busca da sonhada igualdade.
5.1- A amabilidade e a disponibilidade integram esta mudança de comportamento.


Devido à urgência das pessoas em alcançarem a felicidade, a vigência deste decreto se dará de imediato, revogando todas as disposições em contrário.


Assinado: um aprendiz de legislador, maluco e sonhador.


Planeta Terra, julho de 2017




domingo, 18 de junho de 2017

A HUMANIZAÇÃO DA TECNOLOGIA

Durante toda minha vida profissional, não foram raras as vezes que, em resposta a alguém que queria explicar alguma necessidade particular, escutei frases similares a esta: “Eu sou técnico. Este tipo de argumentação não é comigo. ”
Ora, bolas! Se a técnica e a tecnologia não tiverem o objetivo de atender às necessidades humanas, vão servir para quê?
Evidentemente que a técnica exige rigores científicos próprios de sua implementação, todavia, isto não impede de deixarmos o cartesianismo de lado e buscarmos ouvir e, quem sabe, identificar alternativas tecnicamente aceitáveis para um determinado problema.
A tecnologia pode e deve ser um dos principais instrumentos para mudanças visando a nossa eterna busca por uma sociedade melhor.
E, de fato, isto vem acontecendo. Deixando para traz o paradigma de ter um fim em si mesmas, estamos cada vez mais nos deparando com novas tecnologias sendo utilizadas como um meio especial para o alcance de nobres objetivos.
Uma área que vem revolucionando a utilização das tecnologias modernas é a área médica. Mesmo não entendendo nada de medicina, não tenho nenhum receio em afirmar que a tecnologia está salvando vidas. Num breve diálogo com um dos mais importantes médicos cirurgiões do país, Dr. Eduardo Loureiro, que atua na região de Petrópolis/RJ, pude ampliar um pouco mais esta visão, tomando conhecimento de quão avançada está esta comunhão tecnologia/medicina.
Por outro lado, os profissionais também precisam mudar de comportamento, buscando entender tais novidades, ampliando por consequência o nível de conhecimento e ultrapassando os métodos convencionais até então utilizados. Isto implica em sair da zona de conforto.
O desenvolvimento tecnológico tem o poder de provocar uma maior utilização de nossa inteligência, incentivando—nos a aprender mais. E todos nós devemos buscar este objetivo, sob pena de nos tornarmos ultrapassados. Mas tudo com o objetivo de melhorar a qualidade de vida das pessoas.

O tempo urge! E o presente continua teimando em ser o passado do futuro.

domingo, 11 de junho de 2017

O MAIOR PARADOXO DA HUMANIDADE

A bordo de minha espaçonave cartesiana, tenho me deparado com a total falta de nexo entre as contraditórias atitudes do ser humano, em relação aos seus objetivos de vida. Como diria um amigo meu: não tem lógica!
Estou falando do modus operandi que as pessoas estão utilizando para ter uma vida melhor.
Cada um certamente tem uma definição própria dessa tal "vida melhor", mas posso simplificar usando o termo "qualidade de vida". Tudo que fazemos tem como principal objetivo alcançar uma melhor qualidade de vida. Porém, não obstante o enorme avanço tecnológico, temos cada vez menos tempo para nos dedicarmos ao que nos faz feliz. 
Mais do que isto, não estamos tendo tempo para dar a necessária educação básica para nossos filhos, agentes futuros da ética e da dignidade.
Desde os primórdios da civilização o bicho homem vem tentando encontrar a melhor maneira de viver. E, se o que nos diferencia dos outros animais é a razão,  nada mais lógico do que ela ser a base para se estabelecer a forma correta de viver e conviver. Daí a importância extremada da educação, que exercita a razão na busca do saber.
Acho que não restam dúvidas quanto ao papel da família na educação, posto que não há escola ou faculdade que possa mudar princípios equivocados adquiridos pela omissão ou ensinamentos inadequados, transmitidos pelos pais, no âmbito familiar.
Mas o que tem se mostrado de forma gritante é uma fragilidade assustadora da atribuição  educacional familiar, decorrente em boa parte da falta de tempo para o convívio da família.
A prioridade dada aos negócios e às atividades profissionais, deixam em segundo plano a indelegável função da formação moral de nossas crianças. E, pior que isto, o pouco tempo que sobra para tal função é gasto com atitudes condescendentes, compensatórias da ausência.
Talvez aí resida um dos motivos desta onda gigantesca de corrupção que devasta o país. 
Se torna inadiável o equilíbrio entre os negócios e a dedicação à família, não só pela responsabilidade educacional intransferível, mas principalmente pela oportunidade única de se conviver com pessoas amadas.
Isto sim, é qualidade de vida!
Isto sim, tem lógica!

domingo, 30 de abril de 2017

O IDEAL E O REAL

Novos protestos, velhas reivindicações, greves, manifestações acaloradas, discussões entre ideais diferentes. É a sociedade chamando novamente o jogo para si. Agora vai!
Vai para onde, cara pálida?
Esta é a mais importante das indagações, desde a Shakespeariana "to be or not to be": O que quer a sociedade?
Não é de hoje que filósofos e pensadores se debatem sobre este tema, mas vou me ater a um dos movimentos mais significativos da história: o Iluminismo. O próprio nome, por si só, já demonstrava o principal objetivo dos iluministas, qual seja, iluminar as trevas em que se encontrava a sociedade.
E, no chamado "Século das Luzes", surgiu o que parecia ser a síntese ideal da vida em sociedade, com a disseminação do lema "Liberté, égalité, fraternité ".
Simples assim! Só que não.
Como falar em liberdade com tanta submissão e servidão ainda hoje constatadas?
Que igualdade é esta, onde uma minoria tem muito mais do que precisa e a maioria passa fome?
E esta tal fraternidade que, muitas vezes, não resiste a um almoço dominical em família?
Por que isto acontece? Por que é tão difícil colocar em prática estes conceitos simples e de aceitação quase unânime?
Uns podem dizer que toda (ou quase toda) responsabilidade pela não concretização de nossos sonhos é do governo e dos políticos corruptos. Mas no estado democrático, não somos nós que elegemos e retiramos tais pessoas?
Outros diriam que a culpa é do empresariado que não vê limites na sua ânsia de lucrar. Mas esta não é a mola propulsora do capitalismo e fonte geradora de empregos?
É claro que existem problemas inaceitáveis em toda a nossa estrutura social, política e econômica, mas, não conseguiremos mudanças significativas se não mudarmos a nós mesmos.
A liberdade só será plena se alcançarmos a desejada igualdade social e econômica. Mas para isto cada um de nós precisa fazer algum sacrifício e abrir mão de alguma coisa.
"Peraí!!!! A culpa então é minha? Logo eu, um cara bacaninha, tudo de bom. Ah não! Por que eu vou me sacrificar se os desonestos estão se esbaldando, sem punição alguma?" Esta poderia ser a reação da maioria de nós.
Então quem dará o primeiro passo?
Acho que estamos de novo num grande impasse, digno da explicação chula da origem deste termo, dada pelo romântico casal de Jegues.
Qual a solução?
E eu sei lá!
Me poupe! Hoje é domingo, e amanhã feriado.
Parafraseando Roberto Carlos: Só quero que você me aqueça neste inverno e que tudo mais vá pro inferno.

domingo, 2 de abril de 2017

DRAGÃO IMORTAL


Os acontecimentos da década de 30 marcaram definitivamente a história de Goiás e do Brasil. Tendo como fontes propulsoras o idealismo e a persistência heróica de muitos, nascia no centro do país a cidade de Goiânia, que não só se transformou numa das mais belas cidades do Brasil, como também se transformou num verdadeiro "trampolim" para a criação de Brasília
E, exatamente neste ambiente de audácia e pioneirismo, nascia, em 02 de abril de 1937, a agremiação esportiva que viria a se tornar o maior clube esportivo do Centro Oeste brasileiro: o querido Atlético Clube Goianiense.
O pioneirismo foi e continua sendo marca registrada do Dragão: Primeiro campeão goiano de futebol, primeiro clube goiano a conquistar um torneio de nível nacional, primeiro clube do nosso estado a jogar contra uma equipe internacional, dentre outros feitos relevantes.
Apoiado por uma torcida fiel, que sempre leva a família para os estádios, com seu jeito diferente de torcer, propicia a transformação dos jogos em momentos de puro lazer, repleto de crianças e adolescentes, sem violência, não raro se misturando aos torcedores adversários, num verdadeiro congraçamento do esporte, refletindo a hospitalidade e a vida comunitária características do bairro de Campinas, local de origem do clube e onde está situado o místico estádio Antônio Accyoli.
Muitas vezes se viu lutando em desigualdade de condições, como no período em que o "chapa branca" Goiânia Esporte Clube tinha as benesses do poder público, bem como quando da indicação do clube goiano que iria disputar o campeonato nacional de 1973, em que o Goiás Esporte Clube, até então de pouca representatividade no cenário esportivo de Goiás, utilizando da influência de alguns de seus adeptos junto aos integrantes da ditadura militar, "ganhou" da antiga CBD o direito de jogar o Nacional. 
Porém, a capacidade de sobreviver em condições extremamente adversas, lhe deu a alcunha de fênix, ave mitológica que tinha a capacidade de ressurgir das cinzas.
E, neste trajeto que já dura oitenta anos, se transformou em orgulho de sua torcida, pelas glórias e feitos, às vezes improváveis, porém memoráveis.
Quem não ouviu falar do esquadrão de 1955, campeão goiano invicto? E o título de 2007, em cima do rival Goiás, após 19 anos de espera? Quem poderia imaginar que, cinco anos após ter disputado a segunda divisão do goiano, alcançaria a série A do brasileirão? E o título de 2014, novamente sobre o rival, com um gol nos acréscimos?
E agora o imortal Dragão do cerrado escreveu com letras de ouro mais um capítulo de sua vitoriosa caminhada. Disputando com equipes tradicionalmente mais poderosas financeiramente, como o Bahia, o Náutico, o Ceará e, principalmente, com o gigante Vasco da Gama, ganhou de forma espetacular o campeonato brasileiro da série B, em uma comunhão total com a torcida, resgatando o nosso tradicional salão de festas, o charmoso estádio olímpico.
A cidade mais bonita e hospitaleira do Brasil, que integra o seu nome e se confunde com a sua história, certamente se sente orgulhosa por suas conquistas, assim como nós atleticanos nos sentimos honrados de levar este nome a plagas distantes, como um grito para o mundo enfatizando que, Atlético, é o goianiense!
Parabéns, Atlético Clube Goianiense, o maior do centro-oeste brasileiro! 
Que o imortal Dragão de Goiânia, continue eternamente com a mania de dar alegria aos nossos corações!



sábado, 4 de março de 2017

O COMEÇO É MAIS QUE METADE DO TODO

É impressionante como alguns conceitos desenvolvidos há milênios, se mantêm atualizados!
O grande filósofo Aristoteles, falecido em 322 a.C., ainda hoje tem seus trabalhos utilizados como base para a sistematização da Filosofia e Psicologia modernas.
Em um de seus mais famosos escritos, chamado "Ética a Nicômaco", o inigualável filósofo pergunta: qual seria o bem maior que poderíamos alcançar?
Ora, em toda a nossa vida procuramos alcançar objetivos compatíveis com nossas aspirações. Assim, praticamente todas as nossas ações estão direcionadas para algum fim que desejamos.
Neste sentido, não raro, nos deparamos com uma desenfreada busca pelo prazer, pela riqueza, pelo poder e, pasmem, até pela saúde.
Porém, ainda no entendimento do filósofo, apesar de importantes para a maioria das pessoas, nenhum destes objetivos bastam por si mesmos para atender nossas aspirações de vida, posto que, no máximo, seriam facilitadores do verdadeiro bem supremo, que é a felicidade.
Aí surge uma outra pergunta: o que é felicidade? A julgar pelas práticas atuais, a felicidade está identificada com a beleza, o dinheiro e o poder, não necessariamente nesta ordem.
Mas, apesar da grande maioria das pessoas continuar na perseguição destes objetivos, somos diariamente bombardeados com exemplos incontestes, mostrando que isto não é suficiente para suprir as nossas carências.
É claro que, dependendo das circunstâncias, alguns objetivos podem parecer bastantes, como a saúde, quando se está doente ou a riqueza, quando se é pobre. Mas o que complementa de forma inconteste, é viver bem, com ações virtuosas que fortaleçam o convívio com as pessoas.
Somente assim tornaremos nossa vida desejável em todos os aspectos, por não ser carente em nada. Isto sim, é felicidade!
Tudo isto parece uma grande utopia. Todavia, nunca devemos esquecer que o impossível é aquilo que ainda não foi feito.
Acompanhando as mensagens trocadas num grupo de uma rede social, tive a grata satisfação de tomar conhecimento acerca de uma peculiaridade do Butão, único país no mundo a ter um Ministério da Felicidade.
Para o governo daquele país, a busca da felicidade dos cidadãos é seu principal objetivo. E isto é garantido constitucionalmente!
Em todo censo realizado, uma pergunta é feita: "Você é feliz?". Este indicador sobrepõe-se ao conceito de Produto Interno Bruto, e serve de base para as ações sociais que darão suporte ao alcance deste objetivo maior.
Isto é fantástico, na medida em que, sem o atendimento de nossas necessidades básicas, não há de se falar em bem supremo. E esta é uma responsabilidade intransferivel de nossos governantes.
Neste modelo, vislumbro o início da transformação da utopia em realidade.
É incipiente? Bem provável. Até porque eu não conheço muitos detalhes. Mas é um começo.
É como dizia Aristoteles:  “O começo é mais que metade do todo”

sábado, 18 de fevereiro de 2017

É ASSIM MESMO!

- Môrzão...
- O que foi?
- O que você está pensando?
- Aí, meu Deus! se eu quisesse falar estava falando e não pensando.
- Grosso!
- Mas cê não pode me ver calado que logo quer saber o que tô pensando.
- Se não quer dizer é porque está escondendo algo que não pode me falar. Te conheço...
- Não é nada disto! Apenas não quero falar dos problemas que tive durante o dia.
- Sei não... cê tá estranho. Chegou do trabalho muito calado. Me conte do seu dia.
- Ah, não!! Pior do que "o que você tá pensando" é perguntar "como foi seu dia".
- Mas qual o problema que te impede de conversar?
- Tá bom! Você quer conversar, então vamos conversar. Fala aí.
- Sabe aquela loira que trabalha na sala vizinha à minha?
- Sei.
- Pois é. Hoje cheguei mais cedo e encontrei com a Firmina, aquela faxineira legal que sempre está sorrindo. Sabia que a filha dela está grávida de gêmeos?
- Humm... E a loira?
- Calma! Tô te contando.
- Seja rápida, que tá quase começando o jogo.
- Jogo, jogo... sempre tem um jogo! Fica com esta merda de jogo, que eu não vou conversar mais nada com você.
- Calma, bem! Só estou te pedindo para ser mais objetiva. Continua, vai.
- Então! A Firmina aproveita os finais de semana para trabalhar por conta própria, cozinhando para alguns bacanas.
- Deve ser cansativo. Mas é a luta pela sobrevivência.
- E ela já me mostrou a relação de pratos que podemos encomendar. Vou pedir algo pro final de semana.
- Humm... E a loira?
- Que pressa é essa, cara? Tô tentando te falar, mas você não tem um pingo de paciência para me ouvir.
- Então vai direto ao assunto e fale o que você tem a falar daquela piranha, porra!
- Piranha? Ela já deu em cima de você?
- Ai, Jesus! É você que vive falando que ela é uma piranha.
- Mas você falou com muita certeza. Eu sempre desconfiei que ela te olhava de forma diferente.
- Amorzim! Cê sabe que só tenho olhos pra você.
- Então diz que me ama.
- Te amo muito. Vem cá e me dá um beijo.
- Tá bom... para mô... a varanda tá sem cortina.
- Então vamos pro quarto.
- Uê! Você não queria assistir o jogo?
- Agora não quero mais. Quero é você!
- Ih, mô! Tô com muita dor de cabeça e amanhã tenho de acordar muito cedo. Fica aí assistindo teu jogo, que eu vou dormir.
- Mas você parecia tão bem enquanto falava dos acontecimentos do dia.
-É que falar me alivia. Acho que faz parte da natureza das mulheres. Quanto mais falamos, mais calmas ficamos.
- Deve ser por isto que nunca vi uma mulher gaga.
- Deixa de ser bobo. Vamos fazer o seguinte: no final de semana a gente barbariza, tá certo?
- Enfim... fazer o quê? Meu p... Ops, o pai te ama...

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

VERDUGO DE SI MESMO

Num mundo exageradamente consumista, estamos assistindo a um também exagerado crescimento da busca desenfreada por riqueza e pelo poder.
E na esteira disso tudo, crescem também o egoísmo e o individualismo, deslocando os relacionamentos e a amizade para um pragmático círculo de interesses, chamado networking.
Evidentemente, todos nós almejamos uma situação financeira que nos dê tranquilidade, mas o que estamos constatando é a supervalorização dos bens materiais em detrimento aos relacionamentos e ao crescimento espiritual.
Em poucas palavras: o bolso está falando mais alto que o coração.
Mas a busca de nosso bem maior, a felicidade, exige mais do que o dinheiro pode comprar. Exige atenção, carinho, bondade, ternura, generosidade, gratidão, enfim, exige amor. 
E a rotina massacrante em busca de ter, sem cuidados com o ser, está criando uma verdadeira geração de pessoas que vai perdendo pouco a pouco a alegria de viver, chegando até mesmo a morrer em vida, tanto é o medo e a ansiedade para se conseguir sucesso.
Não existe maior empecilho que nós mesmos, para alcançarmos a felicidade. E, na maioria das vezes, ela é decorrente mais da simplicidade do que da sofisticação. Precisamos ter a consciência que estamos no mundo não somente para viver, mas viver servindo ao próximo com amor. Para tanto precisamos resgatar  o prazer de praticar as virtudes, para não corrermos o risco de nos transformarmos em verdugos de nós mesmos.

P.S.: um agradecimento especial à minha nova amiga, a gaúcha Clarice, que me sugeriu a leitura do trecho da Bíblia, Mateus 6, 19-26, e que acabou sendo a fonte de inspiração deste artigo.

domingo, 8 de janeiro de 2017

O INDIVIDUALISMO DESUMANO

"O homem é um ser social"
Tia Clotilde - 3º Ano - Grupo Escolar

Foi assim mesmo! Foi desta forma que eu e praticamente toda a torcida brasileira, tivemos a primeira lição acerca das relações do homem e da sociedade.
Todavia, faltou enfatizar um aspecto fundamental (pode ser que eu tenha perdido esta aula): antes de ser um ser (adoro a língua portuguesa) social, o homem é um indivíduo e, como tal, cada qual com características e pensamentos próprios e diferentes.
"Oi...!?". Até escuto a expressão que minha mulher utiliza para mostrar algum espanto e questionar sobre onde quero chegar. 
Quero chegar no tema "individualismo"!
Não vou abordá-lo como teoria filosófica ou política, mas sim como atitude.
O individualismo, comum e bastante criticado nos dias atuais, é inerente ao ser humano e não necessariamente deveria ser algo ruim. Afinal, quem de nós nunca desejou  alcançar os objetivos de forma autossuficiente e independente?
O problema é a dose utilizada. O excesso de individualismo tem provocado uma verdadeira desumanização das pessoas, transformando o que deveria ser uma justa autorrealização em egoísmo exacerbado e uma total falta de solidariedade.
Infelizmente o que se constata, com extrema facilidade, é um número cada vez maior de pessoas que só pensam nelas mesmas, se lixando para os outros, esquecendo um dos aspectos mais importantes e essenciais da conduta humana: a liberdade deve ser exercida com responsabilidade.
Esta excessiva valorização do indivíduo pode ter sido exportada pelo "american way of life", que incentivava o individualismo em contraposição ao socialismo e comunismo. Todavia, tal conduta tem se mostrada como uma eficiente destruidora da sociedade, em vista da crescente transformação do individualismo em egocentrismo.
Desde o tempo de Nietzsche ficou reforçada a ideia de que a vontade de poder é que permite ao indivíduo desenvolver seu potencial máximo de modo a se colocar acima dos "pobres mortais". Esta é uma posição marcada pelo individualismo e pela "lei do mais forte" .
Porém é sempre bom relembrar que este caminho já nos levou para o inferno do nazi-fascismo, que se apropriou exatamente destas ideias.
Vade retro Satana!


quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

PRA NÃO FALAR QUE NÃO FALEI DE ESPINHOS

Alguém pode me dizer o que significa "amizade verdadeira"?
Por que este reforço ao substantivo que não deveria necessitar de complemento?
Afinal, se não for verdadeira, não é amizade!
Sustentada por alguns dos sentimentos mais nobres, a amizade navega, qual barco em igarapés, desviando dos obstáculos através da bússola do afeto, do carinho, da confiança, da compreensão, da lealdade e da reciprocidade.
Sentimento que nos reacende o instinto de proteção, não se restringe a pessoas que espelham nossos pensamentos e atitudes. Engloba também pessoas que, através de suas diferentes experiências, nos agregam outros valores.
Porém, é notório que todo e qualquer relacionamento tem seus desgastes. E não seria diferente com as amizades, até mesmo por envolver diferentes maneiras de pensar, diferentes condutas e diversos outros fatores que muitas vezes são geradores de conflitos.
Num mundo em constante ebulição, onde a mudança é nossa única certeza, a luta pela sobrevivência, a competitividade profissional e as exigências sociais, culturais e religiosas estão remodelando o comportamento para um viés cada vez mais individualista.
Evidentemente, isto também tem gerado enormes dificuldades, inclusive em relação à manutenção de velhas amizades.
E,  neste momento,  não podemos simplesmente fechar os olhos e deixar que o inevitável desgaste advindo desta situação, nos afaste de pessoas que nos são caras.
A despeito de posicionamentos e opiniões díspares e de alguns inevitáveis danos à relação afetiva, o mais imiportante é reafirmarmos sempre o valor de nossas amizades.
Isto não quer dizer que tenhamos que abrir mão de nossas convicções, mas sim que entendamos que cada um tem sua percepção e sua verdade, que devem ser respeitadas. Além do mais, "opinião não é argumento" e nada melhor que uma boa "guerra" de argumentos para nos fazer crescer. Crescendo podemos  direcionar melhor nossos esforços para um caminho desejado por todos: o da felicidade. 
E nada mais adequado para isto do que exercitarmos a compreensão, o respeito e a gratidão.
Amizade sempre!