Não raro, nos últimos dias, tenho recebido
questionamentos de alguns seguidores deste blog acerca de minha opinião sobre o
movimento popular que tomou conta do Brasil. Douglas, Jéssica e outros
leitores, manifestaram o desejo de saber o que eu estava achando de tudo isto.
Pois bem! Se a missão foi dada, será cumprida!
Inicialmente quero dizer que acho ser este o
maior e mais extraordinário movimento popular de reivindicação social já
ocorrido neste país, superando movimentos anteriores com o “Diretas Já” e o
“Fora Collor”. Portanto, como diria o amigo de Goiânia, Prof. Rubens Alves
Costa Júnior: “além de estudarmos história, estamos agora fazendo história”. E
isto é magnífico!
Porém, dois aspectos precisam ser cuidados
para não corrermos o risco de perder a essência do objetivo perseguido. O
primeiro diz respeito ao oportunismo dos vândalos e marginais, sobre o qual
falarei ao final. O segundo refere-se ao próximo passo, que abordarei primeiro.
O movimento é bonito, grandioso e legítimo,
mas e daí? O que vem em seguida? Tudo precisa ter princípio, meio e fim. E
estamos apenas no começo de uma necessária mudança política/social. De nada
servirá se não forem implementadas ações que garantam as melhorias exigidas.
E quais são estas melhorias? Precisamos sair
do genérico e começar a tratar o específico. Para tanto necessitamos agora de
lideranças setoriais legítimas que consigam aproveitar o momento sublime que o
país atravessa, de forma a concretizar ações práticas visando a melhoria da qualidade
de vida da população.
Nada melhor, então, do que começar pelo
básico, garantindo as condições mínimas previstas na Constituição brasileira,
quais sejam, acesso à moradia, educação, saúde e emprego.
É inadiável a execução de ações objetivas e
práticas contra o déficit habitacional, pois os programas em andamento não
estão impedindo o crescimento de favelas e do número de moradores de rua.
O problema em relação à Educação é cada vez
mais gritante. As escolas públicas convivem há tempos com prédios caindo aos
pedaços, falta de professores, poucos e inadequados recursos didáticos, sem
falar nos baixos salários dos educadores. Tudo isto em decorrência dos baixos e
mal utilizados investimentos públicos, que geram um desempenho bem aquém do
esperado para a maioria dos alunos.
Quanto à saúde, ai de quem não tem plano
privado! A crise parece ser eterna, com hospitais sempre superlotados, falta de
medicamentos, equipamentos ultrapassados, filas para atendimento, ambientes que
facilitam a infecção hospitalar, enfim, o caos.
Apesar do crescimento da economia ter gerado
um pouco mais de empregos nos últimos anos, ainda não está sendo o suficiente
para atender à demanda existente no Brasil. Além do mais, os baixos níveis da
educação formal e da formação profissional segregam boa parte dos profissionais,
empurrando-os para atividades informais e até para a marginalidade.
Onde arranjar dinheiro para tudo isto? Que
tal começar reduzindo o custo com a corrupção? Este é um dos custos mais caros
para a população e um dos principais fatores que contribuem para o atraso
econômico e para a pobreza.
Assim, urge que tenhamos lideranças que
possam dar sequência ao extraordinário movimento social que a população
brasileira conseguiu materializar.
É só o começo. Mas Aristóteles já dizia: “o
começo é mais da metade do todo”.
Quanto ao oportunismo deplorável de vândalos
e marginais, considero inadmissível e inaceitável. Medidas enérgicas precisam
ser tomadas e a polícia deve atuar firmemente, e com o apoio dos manifestantes.
Como? Poderia fazer algumas sugestões, mas a
juventude é criativa e não vai se omitir. Creio que rapidamente teremos uma
solução para isto.
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