- Meu sonho é fazer política!
- E por que você quer ser um
político?
- E precisa ter um motivo
específico? É um desejo, oras...!
- Tudo na vida tem um
propósito e, para sermos bem sucedidos, é fundamental termos uma percepção
clara do que nos leva a crer que podemos ser competentes num determinado domínio.
- Ave...! Precisa complicar
tanto? O poder me atrai! Só isto. E entendo que para fazer política basta
sabermos distinguir o justo do injusto.
- E o qual a sua definição
de “justiça”?
- É difícil definir isto.
Cada caso é um caso. Mas eu vou saber decidir de maneira justa.
- Este é o grande problema:
cada um de nós tem um conceito do que é a justiça, porém influenciado por opiniões
e falsas evidências. A “minha justiça” é diferente da “sua justiça”.
- Mas isto é próprio do ser
humano. Não temos como fugir desta subjetividade. Qual então, em sua opinião,
seria a solução ideal para se fazer política?
- Não tenho dúvidas que o
saber político exige um conhecimento de si mesmo, pois nossos principais rivais
devem ser identificados em nós mesmos, nos nossos desejos.
- Não entendi bem. Pode ser
um pouco mais claro?
- O que quero dizer é que
uma profunda reflexão sobre si mesmo pode se transformar em virtude política
por excelência. Desta forma entendo que o saber necessário à política é: “CONHECE-TE
A TI MESMO”.
- Mas isto não te afasta da
gestão dos cidadãos e de seus bens?
- Para governar os cidadãos,
antes de tudo é preciso governar a si mesmo. O conhecimento de si mesmo
livra-te da escravidão dos desejos, te aproximando da essência da liberdade e
da justiça, possibilitando a fuga dos extremos: nem escravo nem tirano.
- Não sei se te entendo. Isto
quer dizer que precisamos conhecer nossos próprios limites?
- Mais que isto. Precisamos
cultivar o que há de melhor em nós mesmos. É preciso não se julgar Deus, mas
aproximar-se do divino cultivando nossas virtudes.
PS: Diálogo fictício,
baseado no texto Alcibiades, de Platão, (cerca de 399-396 aC.), onde é narrado
um encontro entre Sócrates e o jovem Alcibiades.
“A alma, se ela quer
conhecer-se, não é para uma outra alma que ela deve olhar?”.
Platão
Nenhum comentário:
Postar um comentário