sábado, 8 de junho de 2013

DIVINA POLÍTICA



- Meu sonho é fazer política!
- E por que você quer ser um político?
- E precisa ter um motivo específico? É um desejo, oras...!
- Tudo na vida tem um propósito e, para sermos bem sucedidos, é fundamental termos uma percepção clara do que nos leva a crer que podemos ser competentes num determinado domínio.
- Ave...! Precisa complicar tanto? O poder me atrai! Só isto. E entendo que para fazer política basta sabermos distinguir o justo do injusto.
- E o qual a sua definição de “justiça”?
- É difícil definir isto. Cada caso é um caso. Mas eu vou saber decidir de maneira justa.
- Este é o grande problema: cada um de nós tem um conceito do que é a justiça, porém influenciado por opiniões e falsas evidências. A “minha justiça” é diferente da “sua justiça”.
- Mas isto é próprio do ser humano. Não temos como fugir desta subjetividade. Qual então, em sua opinião, seria a solução ideal para se fazer política?
- Não tenho dúvidas que o saber político exige um conhecimento de si mesmo, pois nossos principais rivais devem ser identificados em nós mesmos, nos nossos desejos.
- Não entendi bem. Pode ser um pouco mais claro?
- O que quero dizer é que uma profunda reflexão sobre si mesmo pode se transformar em virtude política por excelência. Desta forma entendo que o saber necessário à política é: “CONHECE-TE A TI MESMO”.
- Mas isto não te afasta da gestão dos cidadãos e de seus bens?
- Para governar os cidadãos, antes de tudo é preciso governar a si mesmo. O conhecimento de si mesmo livra-te da escravidão dos desejos, te aproximando da essência da liberdade e da justiça, possibilitando a fuga dos extremos: nem escravo nem tirano.
- Não sei se te entendo. Isto quer dizer que precisamos conhecer nossos próprios limites?
- Mais que isto. Precisamos cultivar o que há de melhor em nós mesmos. É preciso não se julgar Deus, mas aproximar-se do divino cultivando nossas virtudes.

PS: Diálogo fictício, baseado no texto Alcibiades, de Platão, (cerca de 399-396 aC.), onde é narrado um encontro entre Sócrates e o jovem Alcibiades.

“A alma, se ela quer conhecer-se, não é para uma outra alma que ela deve olhar?”.
                                                                                                                                  Platão

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