sábado, 29 de setembro de 2012

50 TONS AINDA SÃO POUCOS

- Oi, amor! Chegou cedo hoje. Como foi seu dia?
- Não começa! Você está cansada de saber que não gosto de falar sobre a chatice do dia-a-dia. Isto só me estressa novamente.
- Tá bom. Então vou continuar lendo meu livro.
- Este sim, é um bom assunto. Que livro você está lendo?
- “50 Tons de Cinza”.
- Não acredito! Logo você, defensora intransigente dos direitos femininos, lendo este livro?
- É o maior fenômeno literário da atualidade.
- Definitivamente, eu nunca vou entender vocês. Pelo que li a respeito, a personagem principal deste “conto de fadas porno/erótico” se mostra totalmente submissa aos desejos sado/masoquistas do homem. E apesar disto, são as mulheres que estão comprando. Mais de 99% do total. É inacreditável!
- É uma leitura light que estimula fantasias. Só isto.
- Mas que fantasia é esta que segue em sentido contrário às lutas de décadas pela igualdade e respeito às mulheres? Cansaram do feminismo e da liberdade, e querem de novo um macho para mandar em vocês?
- Que idiotice! Não é isto. Apenas queremos ter a liberdade de nos satisfazermos sexualmente, da forma que quisermos.
- E a melhor forma é se deixar dominar e se submeter a humilhações?
- A personagem não se deixa dominar, ela apenas aceita voluntariamente os joguinhos sado/masoquistas, talvez na esperança de se tornar a única fonte de desejo do seu amado.
- Não sei, não. Pelo que pude ver em alguns artigos sobre este livro, é uma personagem insegura, que fica submetida ao comando do homem. E suas principais preocupações dizem respeito ao cabelo, às roupas, ao dinheiro e ao poder.
- Esta é uma visão incompleta e machista. É claro que nos preocupamos com a aparência e com uma melhor condição financeira, mas também nos preocupamos em estar preparadas para competirmos em igualdade de condições.
- Hum...Não sei não... As reações das mulheres do mundo todo em relação a este livro me dá a impressão que vocês continuam a esperar príncipes encantados, para serem dominadas por eles.
- Nunca vamos desistir de encontrar o homem ideal. De preferência lindo e rico...hehehe.
- Mesmo que esta “síntese da perfeição” só se satisfaça batendo em mulher?
- Se ela sentir prazer, por que não?
- Sinceramente, é muita incoerência para mim!
- É muito simples. Vocês é que não têm capacidade para nos entender.
- Ah é! Muito simples! Décadas lutando por igualdade e respeito, porém a submissão se mostra atraente. Haja simplicidade! Só falta repetir o chavão: “homem tem que ter pegada e transmitir segurança”. Acho que começo a entender isto...
- Esta forma simplista de falar, deturpa a realidade.
- Como assim?
- Vocês nunca vão nos entender!
- Não mesmo.
- E pensar que só casei com você porque tem pegada e transmite segurança...

 

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