segunda-feira, 23 de março de 2020

E OS GRANDES SE CURVARAM

O homem quer tudo para si, mas necessita do outro para viver”. 
Este paradoxo ficou martelando minha cabeça, ansioso por encontrar a melhor forma de ajudar a  convencer o mundo acerca da necessidade de mudanças de atitudes que pudessem incentivar e dar mais valor ao convívio sadio entre as pessoas, contrapondo à desenfreada busca por sucesso e riqueza, a qualquer custo.
De repente a resposta aparece de forma retumbante, na esteira de uma tragédia chamada COVID-19.
A pandemia decorrente da disseminação do coronavirus, escancarou a fragilidade daqueles que se achavam fortes e que, pelo poderio econômico, se achavam protegidos das mazelas do mundo.
De repente, não mais que de repente, grandes e pequenos se curvaram a um inimigo prosaico, invisível, e sem riqueza nenhuma: o Virus!
Além de igualar os desiguais, as ações de isolamento social nos dão uma lição insofismável da necessidade de se conviver bem com as pessoas.
Falo por mim: poucos dias de isolamento voluntário, muitas constatações acerca da importância de coisas que já haviam ‘virado paisagem’. 
Já não fazia idéia de como é bom atravessar a rua e encontrar com meu pai. Conversar fiado, como ele mesmo diz, ou conversar sobre as últimas notícias, com as costumeiras discordâncias.
Que saudade de ti, Mônica, minha esposa amada! Como é bom, juntos, nos preocuparmos e nos orgulharmos de nossos filhos. Como nosso apartamento perde a energia que irradia quando estás aqui. 
Que sensação horrível  de não poder ir visitar os filhos. De não poder abraçar os irmãos, nem poder ver os sobrinhos e nem poder ir à casa dos meus sogros. Sem falar no Vicente, meu netinho recém-nascido.
Poderiam ter cancelado quase todos os eventos sociais, mas nunca o Chá-das-cinco, com os amigos do Aplicação. Nem a cervejinha da sexta feira, com os amigos de sempre.
O que dizer do cancelamento dos jogos do Atlético-GO? Onde vou encontrar com o Luquinha, o caçula dos meus sobrinhos? Como ficar sem passar na casa de meu irmão Paulo, para irmos juntos aos jogos? Como ficar sem ver a galera da campininha?
Quando estamos juntos, até o silêncio fala mais do que zap.
As tragédias sempre deixam lições. Neste triste momento que vive todo o planeta, uma das lições que certamente ficará é a certeza que precisamos um dos outros.

Não concorda? Então continue isolado. Mas combata outro virus: o mental.

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