sábado, 16 de março de 2019

A INADIÁVEL RETOMADA DA BUSCA PELA ARETÉR

Que início de ano trágico para o Brasil!
Quando se esperava que a “tragédia” decorrente da corrupção cedesse espaço para uma nova era de crescimento econômico e desenvolvimento social, somos assolados por enchentes, deslizamentos, rompimento de barragem, incêndios, assassinatos em escola, sem falar em outras tragédias menos divulgadas, que causaram a morte de centenas de pessoas e o desespero de amigos e familiares das vítimas.
O que está acontecendo? É um castigo divino? É consequência da irresponsabilidade de políticos, governantes e empresários? Ou será mera coincidência?
Ora, direis, não existem coincidências!
Mas existem utopias a serem perseguidas!
Eu poderia, neste momento, buscar o caminho mais fácil para trilhar, qual seja, criticar as pessoas que deveriam ter tomado as providências necessárias para evitar tais tragédias.
É claro que os responsáveis diretos pelas ações ou omissões que provocaram as tragédias, têm suas culpas específicas.
Mas, será que são os únicos culpados?
Não acho!
Enxergo, com uma sensação cada vez maior de impotência, que a vida em sociedade tem se degradado sobremaneira, fato que pode nos transformar, de certa forma, em cúmplices das mazelas.
Nas conversas rotineiras, percebe-se claramente que as pessoas se posicionam como exemplos pessoais de virtudes, colocando na conta dos outros os erros.
Como dizia Nietzsche: “o homem é antes de tudo um animal que julga”. E o faz com uma convicção que elimina qualquer margem de erro. Mas, assombrai! Ele erra.
Será que o excesso de competitividade, o excesso de individualismo e a constante redução da importância da ética, praticadas rotineiramente, não têm contribuído para a criação de “monstros”?
O que dizer da enorme desigualdade social, onde cinco por cento da população é detentora de noventa e cinco por cento da riqueza do país?
É difícil admitir, mas nós também podemos ter culpa em tudo que está acontecendo, na medida em que convivemos pacificamente com todas as mazelas que sabemos prejudiciais, até incentivando-as em alguns casos.
Se tivéssemos a humildade de praticar só as virtudes, certamente as tragédias seriam reduzidas ou até mesmo eliminadas.
Na lição do Filósofo Aristóteles, a virtude, derivada da palavra grega Aretér, designa toda a excelência própria de uma coisa e nos direciona a agir em prol do mais alto bem, distinguindo as ações virtuosas dos vícios. Aristóteles afirmava ainda que a virtude está na média das extremidades perniciosas, uma por excesso e a outra por falta.
Para facilitar tal entendimento, nada melhor que um exemplo: a falta de coragem, conhecida como covardia, não é uma virtude. Da mesma forma o excesso de coragem, que se transforma em temeridade, também não o é.
Segundo o Filósofo, o fundamental é direcionar a virtude para uma média que alcance a prática do bem. E isto sempre pode melhorar, principalmente se priorizarmos menos a defesa das ideias e mais a sua prática.
Enquanto não deixarmos de julgar apenas os outros, e, de outro lado, continuarmos a reverenciar pessoas de sucesso alcançado por práticas perniciosas e egoístas, fechando nossos olhos para as injustiças que ocorrem à nossa volta, continuaremos a viver assombrados com as tragédias, com a violência, com a ansiedade e com a depressão, esperando que algum super-herói salve a nossa paz.
Por onde começar a nossa mudança? Cada pessoa sabe o que melhor funciona para ela. Todavia, existe um passo a passo bastante interessante no Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, contido na questão 919. Vale a pena conhecer.
Êta! Eu e minha propensão a acreditar em utopias! Sorry!







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