Dentre
os diversos significados da palavra “alienação”, quero abordar aquele que
define uma pessoa alheia a si própria e ao meio social em que vive.
Alvo
de críticas de uns tantos, talvez esteja presente em parte destes mesmos tantos
que a recriminam, na medida em que o processo de alienação alcança os mais
diversos setores de nossa vida, afetando, por exemplo, as relações com o
trabalho, com o lazer, com as outras pessoas, e até consigo mesmo.
Como
assim, por exemplo?
Vejamos
o trabalho. Teoricamente, é um dos maiores meios para a realização do indivíduo
e do desenvolvimento social. Todavia, na prática, grandes dificuldades se
apresentam para o alcance desta finalidade, principalmente pela crescente
inversão de valores, onde a produção tem se tornado o objetivo do homem, ao
invés do homem ser o objetivo da produção.
Uma
das consequências é que a função do empregado tem se limitado, cada vez mais,
ao cumprimento das metas de qualidade e produtividade setoriais, exigindo do
trabalhador uma rotina monótona, desgastante, e, muitas vezes, sem o
conhecimento do processo como um todo, impactando diretamente na sua motivação.
Mas
o trabalho é necessário e não dá para jogar tudo pro ar!
Então
nos defrontamos com uma outra consequência: uma crescente submissão ao sistema
produtivo. Assim, o indivíduo deixa de ser ele mesmo para se transformar numa
“mercadoria” que, mesmo não fazendo parte de sua personalidade, precisa
alcançar o sucesso de qualquer maneira.
Caminho
escancarado para o trabalho alienado, e suas consequências nefastas, tais como
pisar no pescoço da mãe para garantir o emprego ou subir de posto na empresa.
Da
mesma forma, a enorme desigualdade social, aliadas a atitudes não muito
responsáveis, dão ensejo a outro processo nefasto: o consumo alienado, onde uma
minoria esbanja dinheiro com supérfluos, enquanto a maioria se priva do mínimo
necessário.
Uma
“divertida” forma de mostrar a diferença entre os indivíduos. É o “ter”
suplantando o “ser”. É ter “status”!
E
por falar em diversão, também não podemos esquecer de mais um processo nefasto:
o Lazer alienado, onde se frequenta os lugares da moda, mais badalados e
chiques, em vez dos lugares que originalmente temos mais afinidades.
Enfim,
é alienação pra caraca!
Tá
muito Marxista, né? Mas é assim mesmo! Pelo menos nestes aspectos.
Já
que falei de Marx, vou terminar estas elucubrações, com uma citação do Filósofo
alemão Horkheimer: “Quanto mais intensa é a preocupação do indivíduo com o
poder sobre as coisas, mais as coisas o dominarão, mais lhe faltarão os traços
individuais genuínos”.