sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

DIÁLOGO PAPAL

- Não aguento mais esta tua soberba! Aliás, soberba  não. Na realidade é puro narcisismo. Por acaso você se acha imortal?
- Imortal não. Apenas indispensável.
- Acho que você deveria exercitar mais sua autocrítica.
- Eu não tenho tempo para estas frescuras. O trabalho me toma todo o tempo.
- E quando é que você vai usufruir dos seus ganhos? Porque o que se vê é apenas um enorme estresse.
- Não é bem assim. Eu apenas tenho a responsabilidade de fazer as coisas progredirem.
- Uma coisa é certa: o corpo reage e se manifesta através das doenças.
- Que exagero!
- Não é exagero. Você está vivendo numa total dependência de seus pontos de vista, esquecendo até das questões espírituais.
- Neste  ponto eu concordo parcialmente. Realmente estou meio afastado da igreja. Mas em compensação, desenvolvi mais meu lado místico.
- Isto vai te levar a um vazio espiritual. Dai para a perda da noção da realidade é um pulo.
- Por que isto aconteceria?
- Porque este caminho valoriza mais a fofoca do que os fatos concretos, propiciando o oportunismo de falsos amigos.
- Não estou nem aí. O que importa é que todos fazem o que mando.
- Esta indiferença causa outro problema: a perda da sinceridade e do calor das relações humanas.
- Que relações humanas, que nada! Um homem de sucesso precisa ser severo.
- Eu já acho que isto é medo ou insegurança.
- É você que não entende que para ficar rico é preciso agir assim.
- Pois eu digo que a busca desenfreada da riqueza é apenas uma tentativa de preencher o vazio existencial em seu coração.
- Pode ser. Mas depois que alcançamos o poder e o convívio com os grupos dominantes, fica difícil fazer diferente.
- Mais difícil é constatar, tardiamente, que não conseguiu alcançar o maior bem que a vida pode propiciar: a felicidade.

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