É curioso como esta prática acabou por se
tornar uma atividade prazerosa. Então, numa pesquisa introspectiva, procurei entender a origem
deste prazer.
Em primeiro lugar, a satisfação se dá pela
oportunidade que temos de aumentar nosso autoconhecimento, pois, devido à falta
de contestação imediata, típica de diálogos, há uma inevitável busca interna de
argumentos e conhecimentos que possam sustentar a opinião externada, e/ou que deem
qualidade ao texto.
Além disto, não existe momento mais
apropriado para nos desnudarmos intelectualmente, externando nossas opiniões
sem receios, repetindo, construindo ou desconstruindo conceitos. Os textos nos
dão a oportunidade de expressarmos sentimentos, valores, ressaltar boas
práticas e nobres atitudes, obrigando-nos a uma constante autoavaliação, pois,
não raro, nos descobrimos agindo de maneira diversa.
Mas não basta ter prazer. É preciso também
dar prazer. Isto quer dizer que o escritor precisa seduzir o leitor, de forma
que ele sinta satisfação em ler. Como dizem os especialistas, a obra depois de
pronta não pertence mais ao autor, mas sim ao leitor, que dá o sentido de sua
percepção. Os olhos do leitor não são os do autor.
Para tanto, além de uma leitura agradável, dois
aspectos contribuem para um maior interesse: a conformidade com o pensamento do
leitor ou o desconforto que o faz reavaliar valores.
Transitar por estes terrenos parece ser coisa
de maluco. Como atuar em conformidade com a cultura vigente e ao mesmo tempo induzir
à reavaliação de valores culturais?
Difícil é, porém é muito prazeroso.
Não é a toa que o brilhante escritor francês
Roland Barthes, em seu livro “O Prazer do Texto”, afirma que “todo texto é frígido,
como é qualquer procura, antes que nela se forme o desejo, a neurose... mas este
último recurso é o único que permite escrever”.
Para Barthes, todo escritor seria neurótico.
Então, assim seja.
“Todo escritor dirá então: louco não posso,
são não me digno, neurótico sou.”
Roland
Barthes
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