Há algum tempo venho insistindo na tese de
que um de nossos maiores problemas é a lentidão do desenvolvimento da mente
humana, em especial quanto às atitudes e comportamentos, principalmente se
comparada com a velocidade do desenvolvimento tecnológico.
Como nos últimos anos atuei na área de
recursos humanos, na capacitação e desenvolvimento de pessoas, isto acabou por
me direcionar para alguns estudos filosóficos e psicológicos, na ânsia de
buscar soluções para esta questão.
Apesar da grande resistência com que
atualmente as pessoas tratam as questões filosóficas, sabemos que a evolução
científica se deu a partir da filosofia, com a aplicação de métodos científicos
aos raciocínios e ideias filosofais. E, como não poderia deixar de ser, a ciência
da mente e do comportamento, chamada “psicologia”, também teve suas raízes no
pensamento filosófico. Mas a natureza intangível da consciência e da percepção
é a principal causa da lentidão da passagem da especulação filosófica para a
prática científica.
Desta forma, apesar das teorias e descobertas
das gerações mais modernas, diversas teorias antigas se mantêm relevantes para
os profissionais de hoje.
Delimitando meu escopo no problema
inicialmente abordado, me interessa muito os estudos relativos à chamada
Psicologia Social, que têm como base a observação da forma como interagimos com
o ambiente e com as outras pessoas. Tal teoria, que teve como expoente o alemão
Kurt Lewin, defende que o comportamento é resultado tanto do indivíduo quanto
do ambiente.
Segundo Lewin, duas forças opostas estão
sempre presentes em nosso meio: as forças de atração que nos impulsiona em
direção aos nossos objetivos, e as forças de repulsão que inibem nossos
movimentos nessa direção. Como consequência destes estudos, Lewin estabeleceu
um modelo para a transformação do indivíduo e das organizações.
Tal modelo mostra que, para a mudança ser bem
sucedida, o líder deve levar em consideração todas as influências em jogo,
incluindo as que estão nas mentes dos envolvidos e as presentes no ambiente.
Assim, a mudança passaria por três etapas
imprescindíveis: a demonstração da necessidade da mudança, desmantelamento da
antiga mentalidade e conforto com a nova mentalidade. Pode parecer simples, mas
isto passa por um doloroso processo de reconstrução de pensamentos,
sentimentos, atitudes e, principalmente, de percepções.
Em minha modesta opinião, só se consegue tal
proeza com o envolvimento e a participação das pessoas. Todos precisam se
sentir inseridos no contexto corporativo e fazendo parte de algum propósito. É
preciso conhecer e entender a parcela de contribuição de cada um e ter seus
esforços reconhecidos. Isto é o mínimo para se criar as condições propícias às
mudanças e à reconstrução de nossos pensamentos.
“Nós precisamos uns dos outros. Este tipo de
interdependência é o maior desafio imposto à maturidade do indivíduo e do
funcionamento do grupo”.
Kurt Lewin