sábado, 16 de fevereiro de 2013

VERÃO DIFÍCIL DE ENTENDER



- Amor...?
- Diga minha linda.
- É hoje que acaba o horário de verão?
- Tecnicamente é amanhã, pois hoje ainda está valendo. Mas à meia noite termina.
- Não complica! É hoje ou é amanhã?
- Tá bom! Então termina hoje.
- Eu tenho que atrasar ou adiantar o relógio?
- Atrasar.
- Não é adiantar? Quando chegamos atrasados, significa que já passou do horário.
- Não entendi tua lógica, mas temos que atrasar o relógio em uma hora.
- Detesto este horário de verão! Nunca vou entender e nem aceitar.
- Mas ele é importante para o país, pelos benefícios que traz para o setor elétrico.
- Que benefício ele pode trazer? Até o galo precisa acordar mais cedo...
- Nesta época do ano o sol nasce e se põe mais cedo. Isto permite aproveitarmos melhor as horas de claridade natural, economizando energia.
- Não sei como. Continuo usando meu secador de cabelo da mesma forma.
- Tem também o deslocamento do horário de pico.
- Sei. O horário das novelas. Mas o que isto tem a ver?
- Diminui a demanda no horário de pico.
- Lá vem você com estes termos.
- Tá bom. Da próxima vez mudamos para o nordeste, onde não tem horário de verão.
- E por que lá não tem, se é tão importante?
- Porque está mais próximo da linha do Equador, onde a inclinação do sol varia menos.
- É. A culpa é do sol. Então lá a novela das 9 passa às 8?
- É mais ou menos isto. Mas acaba hoje, então não precisa reclamar mais.
- Mas eu não queria que acabasse agora.
- Como assim? Você não detesta este horário?
- É, mas agora que acostumei, estava até gostando...

sábado, 9 de fevereiro de 2013

TEM GAÚCHO NO SAMBA



Amanhã será o 7º domingo antecedente ao domingo de Páscoa de 2013.
E o que isto significa?
Significa que uma de nossas mais importantes manifestações culturais está de volta: O Carnaval!
De origem controversa, o certo é que no Brasil o Carnaval começou a ser comemorado em virtude da influência portuguesa, que estabeleceu o costume de brincar jogando água, bolinhas de cera perfumadas e farinha de trigo, nas pessoas. Era o chamado “entrudo”.
Mas como a desigualdade social sempre tem que ser externada, novos costumes mais elegantes foram introduzidos no Brasil, copiados dos desfiles que aconteciam em Paris, onde pessoas fantasiadas e mascaradas passavam em carruagens enfeitadas.
Era a oportunidade para a elite se exibir com suas ricas fantasias, bem como demonstrar o seu afastamento em relação ao passado lusitano, tendo em vista a recém independência conquistada. Assim, a burguesia começou a se deslocar para os bailes em carruagens abertas, dando uma roupagem mais “civilizada” em relação ao “entrudo”.
Aos pobres só restava continuar com o entrudo, criando bailes em lugares menos elegantes. Mas o glamour do Carnaval dos ricos fez o povo se afastar do entrudo, que terminou desaparecendo no início do século 20.
Enquanto os ricos brincavam nas diversas sociedades carnavalescas criadas, os pobres brincavam em bailes “populares”, como o da Praça Onze, no bairro do Estácio, Rio de Janeiro.
Insatisfeitos pelo Carnaval feio dos pobres, alguns carnavalescos do Estácio resolveram copiar os ricos, desfilando pelo bairro. A primeira organização a desfilar foi a “Deixa Falar”, que se transformou na primeira escola de samba do país.
Por que “escola de samba”? Esta expressão, que se tornaria famosa internacionalmente, decorreu de uma brincadeira de Ismael Silva, criador da “Deixa Falar”. Em frente ao local em que se reuniam havia uma escola de normalistas. Então Ismael teria dito: se lá era uma escola de professoras, ali onde estavam seria uma escola de samba.
Assim, todo ano era escolhido um tema que definiria as fantasias e a música, e o Carnaval dos pobres foi ganhando a simpatia do resto da sociedade, em especial de intelectuais e artistas.
O samba e as marchinhas foram caindo nas graças do povo e transformaram a festa num grande sucesso na década de 1920.
Sentindo o apelo da festa, o então presidente da República, Getúlio Vargas, gaúcho de São Borja, percebendo uma boa forma de demonstrar interesse pelos pobres, reconheceu oficialmente o evento, aproximando-o ainda mais da população, dando melhores condições de estrutura, possibilitando torná-lo uma identidade nacional.
A partir de então, o Carnaval foi evoluindo até se tornar neste evento mundialmente apreciado e que tem no desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro sua expressão máxima.
Como diriam meus amigos gaúchos: “mais uma vez, a ação de um nativo do centro do universo foi determinante na história e no caminho seguido pelo Brasil...”.