sábado, 27 de setembro de 2014

NAVEGAR É PRECISO. VIVER, TAMBÉM!

Eu já deveria ter me acostumado com as tormentas do Rio Grande, mas a fúria desta chuva parece ser maior que  a das outras. A noite me parece tensa e a belíssima vista da cidade se transformou num espoucar de relâmpagos intermitentes que teimam em querer mostrar os encantos dela,sem muito sucesso pois, qual uma donzela recatada que se cobre rapidamente quando percebe estar sendo observada, a cidade insiste em se manter oculta.
Nesta tumultuada penumbra, meu pensamento dirige-se em alta velocidade pelo túnel do tempo, com destino à Campininha.
Não dá para entender o tempo. Em determinados momentos, parece que sua velocidade tende a zero e esperar se transforma numa eternidade. Porém, em outras situações, parece que voa.
Ainda me lembro, como se ontem fosse, das alegres brincadeiras de um menino tímido, pelas ruas do bairro berço de Goiânia.
Ah, Campinas! Podias não ter quase nada, mas tinha tudo para mim. O Grupo Escolar Henrique Silva, a Praça Joaquim Lucio, o Cine Eldorado, o Estádio Antônio Aciolly, a Av. São Paulo, dentre outros locais, são recordações gostosas de uma infância feliz.
E mais do que lugares, a presença constante de meu pai me dava a segurança e a proteção que toda criança necessita.
O sonho de ir ao estádio de futebol pela primeira vez, se concretizou com ele. As madeiras e os rolamentos para o primeiro carrinho, foram conseguidas através dele. A primeira pessoa que vi, quando havia acabado de fraturar a clavícula, brincando no colégio, foi ele.
Quase todas as vezes que tinha um tempo livre, me chamava para ir junto, onde quer que fosse. E o principal local para as intermináveis discussões sobre política e futebol era o mercado de campinas, com suas variadas bancas e algazarras rotineiras. Também ficou na memória,os bate-papos na oficina dos primos Marinari. Era conversa de adulto? Mas ele sempre me levava.
Se fosse continuar pensando nesta convivência, ficaria dias só recordando. Mas tais recordações, principalmente num dia como hoje, aumenta a sensação de que, ao sair de minha cidade natal, deixando meus pais, iniciei uma navegação sem volta.
Não! Isto não...!!! Só pode ser pesadelo!

Acordei assustado com o toque do WhatsApp. Era meu irmão, Paulo, avisando que a cirurgia do Santinho foi um sucesso.
Graças a Deus!
Cê é bua não...

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