sábado, 27 de abril de 2013

A URGÊNCIA DA IMPORTÂNCIA


O filósofo Soren Kierkegaard (1813-1855) afirmava que, se cada um é responsável pelo que é, algumas opções levam a uma verdadeira alienação.
Nada mais atual, visto que as opções alienantes tem se tornado cada vez mais comuns, principalmente pela pressão que a modernidade tem exercido sobre o homem hodierno, subtraindo-lhe o precioso tempo para exercitar sua vocação de ser feliz e de propiciar felicidade.
Einstein dizia que o tempo corre a uma velocidade de sessenta minutos por hora. E continua correndo! Mas uma coisa é irrefutável também: o ser humano continua finito e temporal (pelo menos em sua vida corpórea).
Portanto, é fundamental priorizarmos nossas ações, sob pena de chegarmos ao final de nossa jornada com a sensação de não termos feito as coisas mais importantes, e que a vida passou muito depressa.
Um equívoco muito comum refere-se à priorização das urgências em detrimento ao que é importante. Não que não tenham coisas importantes nas urgências. O problema é deixar de lado as demais coisas importantes.
Tem se tornado bastante comum as pessoas despenderem tempo demais com as coisas urgentes, achando que estão atendendo as expectativas da corporação.
Até porque é gratificante ter a capacidade de atender e resolver problemas de última hora, demonstrando para a chefia sua utilidade, importância e capacitação. Gera inclusive a crença que isto garante o emprego.
Mas, na realidade, tais urgências interrompem o seu dia, atrasam as tarefas importantes, provocam a necessidade de ficar até depois do expediente, trabalhar em casa, se afastar das pessoas importantes de sua vida, causam stress, dores de cabeça, e vários outros problemas.
O pior é a frustração causada pelo constante adiamento das ações importantes, que acaba por gerar um enorme sentimento de perda.
Bastante atual o pensamento atribuído a Buda:
“Os homens perdem a saúde para juntar dinheiro e depois perdem o dinheiro para recuperar a saúde.
Por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem o presente, de tal forma que acabam por nem viver no presente nem no futuro.
Vivem como se nunca fossem morrer e morrem como se nunca tivessem vivido.”

sábado, 20 de abril de 2013

PENSO, LOGO TENHO CORAÇÃO



- Você não vai entender nunca!
- Não vou mesmo! Para você até a existência de Deus tem que ter explicação racional.
- E não tem? Afinal somos seres pensantes, ora bolas!
- Mas a razão muitas vezes se torna impotente para explicar tudo. E o pior é que, em nome desta mesma razão, há quem negue a própria existência divina.
- O que você precisa entender é que devemos aceitar apenas o que é certo e incontestável. O conhecimento inseguro só trás controvérsias.
- E como ter a certeza de que algo é certo, se o ser humano tem dificuldade de se conhecer a si mesmo?
- Mas ele pode e deve buscar o conhecimento exato, pois mesmo que os sentidos corporais se enganem, sempre terá a capacidade de continuar pensando.
- Existe um complicador nesta história toda: a tendência egocêntrica do ser humano, e que no meu entender é a origem das injustiças. Se colocando como “centro de tudo” ele consegue perverter os mais nobres valores.
- Sim, mas tendo ideias claras e corretas, certamente terá um modo de proceder mais adequado e rigoroso.
- Aonde você quer chegar com esta sua filosofia?
- Só acho que não devemos acreditar em nada que não se possa provar a verdade. Assim nunca aceitaremos o falso por verdadeiro e chegaremos ao verdadeiro conhecimento de tudo.
- Isto é muito radicalismo! Não vê o caos em que se transformaria o mundo se passássemos a duvidar de tudo sob o pretexto de que não conseguimos provar a verdade?
- A questão não é duvidar de tudo, mas sim de ter a consciência que as coisas só podem ser apreendidas por meio do conhecimento.
- Entendo a importância do conhecimento para o desenvolvimento. Todavia, a verdade vai além de exercícios demonstrativos. É também uma questão de sentimento e de intuição.
- Insisto que a razão deve ser a única coisa verdadeira da qual se deve partir para alcançar o conhecimento.
- E eu insisto em dizer que a verdade pode ser conhecida não somente pela razão, mas também pelo coração.

PS: Este diálogo poderia ter ocorrido entre os Filósofos René Descartes e Blaise Pascal, criadores da Filosofia Cartesiana e da obra “Pensamentos”, respectivamente.