sábado, 28 de abril de 2018

O GLAMOUR DO PESSIMISMO

A palavra “glamour”, em sua origem, significava “encantamento” ou “feitiço”. E o que percebo claramente é que a maioria dos brasileiros está enfeitiçada pelo pessimismo.
Virou moda: Esse país não tem jeito...! Isso não é lugar para se viver...! Estou cansado disso tudo...! São algumas das expressões mais ouvidas nos últimos anos.
Existem motivos para isto? Milhares!
A impunidade, a insensatez, julgamentos tendenciosos, injustiças, protecionismos, falta de ética, falta de respeito, mentiras, corrupções, descasos, dentre diversas outras mazelas, tiraram a credibilidade de nossas instituições e até a esperança por uma vida melhor.
O Brasil está doente!
Mas não se abandona um doente. É nas doenças graves que precisamos de maior apoio. Todavia, virou moda exercitarmos o pessimismo: vou morar em outro país! Vou criar meus filhos noutro lugar!
Ora, meus amigos, se uma pessoa querida adquire uma doença grave, é correto abandoná-la e voltar quando, e se sarar?
Por acaso o Brasil não é um “ente” querido? Não foi aqui que nascemos, convivemos com nossos melhores amigos, temos a graça de vivermos ao lado de nossos pais, de nossos irmãos, convivemos com pessoas, em sua maioria, hospitaleiras, trabalhadoras, honestas e alegres, apesar de tudo?
E quem disse que os outros países não têm problemas? Apesar de naturezas distintas, todos os têm, haja vista os atos terroristas nos países de primeiro mundo e o alarmante índice de suicídios nos países que, teoricamente, oferecem as melhores condições de vida.
É claro que existem grandes oportunidades que justificam plenamente a saída de profissionais diferenciados. Mas aí é outra história. Trata-se de sucesso, advindo de méritos próprios, benéfico ao próprio País, na medida que externa a nossa capacidade.
Sem ufanismo, acho que todos nós amamos nosso País! Não um amor alienado, típico daquele incentivado por ditadores, mas um amor consciente de que podemos e devemos assumir a nossa parcela de responsabilidade na transformação e no resgate da nação, usurpada por representantes ilegítimos e por uma minoria que sobrevive de tirar vantagens em detrimento das pessoas dignas.
Eu amo meu País! Me encanto por sua natureza, gosto do carnaval, adoro futebol. E isto não nos transforma em idiotas alienados, mas sim comprova a nossa capacidade de mantermos a alegria, apesar das agressões que nos cometem.
Alegres, sim, mas nunca resignados. Decepcionados, sim, mas com a honra da maioria de nossos cidadãos inabalada. Um povo sofrido, sim, mas que mantém o senso de humor, diminuindo os efeitos das agruras da vida. Enganados, sim, mas sem curvarmos às injustiças. Envergonhados pelos escândalos protagonizados por quem deveria nos representar, sim, mas cada vez mais convictos das vantagens da liberdade e da democracia
O que precisamos não é renegar nossa cultura e nem abandonar o país, mas sim nos articularmos para exigir e exercitar o direito ao país digno que todos sonhamos.
Reconstruir exige força, persistência e amor! É difícil, mas o resultado certamente será gratificante.
E não gosto de pessimismo! Afinal, não sou peru para morrer de véspera.